Bolsas de Doutoramento em ambiente não académico
Queres começar um Doutoramento em arqueologia pré-histórica e ser pago pela tua investigação?
Estás interessado(a) em investigação, mas mantendo um pé no mundo não-académico?
Vê abaixo alguns projetos que gostaríamos de desenvolver, em colaboração entre a ERA Arqueologia, líder em Arqueologia Profissional em Portugal, e o ICArEHB da Universidade do Algarve. Se achas que este projeto pode ser teu, podemos desenvolver em conjunto uma candidatura à bolsa de doutoramento da FCT (prazo até 31 de março). Contacta-nos através do e-mail icarehb@ualg.pt mencionando o teu projeto favorito e anexando o CV completo até 1 de março.
As aulas na Universidade do Algarve terão início em Setembro de 2023, e a língua principal é o inglês. As bolsas incluem um salário mensal de 1199,64 euros (valor 2023) durante 48 meses, segurança social, propinas e taxa de inscrição, bem como hotel e viagens anuais para apresentação do congresso. Os bolseiros terão também 22 dias de férias anuais.
No início de Março irá decorrer uma sessão de informação sobre o processo de candidatura da FCT e os candidatos receberão apoio para escrever a sua proposta.
Abaixo podes encontrar os seis tópicos potenciais com os respetivos supervisores na ERA Arqueologia e ICArEHB.
Otimização do mapeamento arqueológico no âmbito dos Estudos de Impacte Ambiental através de Deteção Remota |
Orientador ERA: João Fonte (joaofonte@gmail.com) |
Orientador ICArEHB: Erich Fisher |
O descritor Património Arqueológico é um dos componentes fundamentais dos Estudos de Impacte Ambiental (EIA) de forma a se poder determinar de forma integral os efeitos diretos e indiretos de projetos públicos ou privados no âmbito da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). Na fase de Anteprojeto e Estudo Prévio, o uso de técnicas de deteção remota pode contribuir significativamente para a agilização e efetividade do mapeamento do património arqueológico existente numa determinada zona. Muitos destes projetos ocorrem em zonas rurais e com densa cobertura vegetal o que dificulta sobremaneira a identificação de património arqueológico. Neste caso o LiDAR Aéreo afigura-se com uma técnica adequada para o mapeamento de sítios e estruturas arqueológicas com expressão topográfica e que possam estar ocultos pela vegetação. Tal irá contribuir para o mapeamento expedito e precoce do património arqueológico de uma determinada zona, complementando as metodologias arqueológicas tradicionalmente já utilizadas no âmbito dos EIA, contribuindo para o aumento do rigor e fiabilidade dos resultados e, em consequência, para o ordenamento sustentado e integrado dos territórios. O objetivo passa pelo desenvolvimento de um protocolo de boas práticas ao nível da integração da Deteção Remota no descritor Património Arqueológico dos EIA e que possa depois ser aplicado em contexto empresarial e académico. |
Avaliação do potencial da imagem multiespectral e térmica no mapeamento de recintos de fossos pré-históricos |
Orientador ERA: João Fonte (joaofonte@gmail.com) |
Orientador ICArEHB: Erich Fisher |
O aumento exponencial do número de recintos de fossos pré-históricos identificados no Alentejo deve-se, em grande medida, ao uso de técnicas de deteção remota, em particular de imagens aéreas e de satélite. Estas permitem a identificação de marcas na vegetação (cropmarks) e nos solos (soilmarks) provocadas pela presença de estruturas negativas (e.g. fossos) relacionadas com estes sítios arqueológicos. Todavia, a análise destas imagens tem-se limitado em grande medida à observação da luz visível (RGB) do espectro eletromagnético, tendo-se explorado menos o potencial de outras regiões espectrais (e.g. red-edge, near IR, thermal). A combinação de bandas espectrais e a aplicação de índices de vegetação, bem como de outras técnicas de processamento de imagem e visão computacional, pode resultar numa melhoria do contraste das marcas arqueológicas. Devido à aparente invisibilidade material que caracteriza este tipo de sítio arqueológico, e face ao atual contexto de intensificação agrícola no Alentejo, estes sítios correm um sério risco de destruição. Assim, o objetivo passa for avaliar o potencial da imagem multiespectral e térmica para o mapeamento sistemático de recintos de fossos pré-históricos no Alentejo, contribuindo para a definição de um protocolo de boas práticas que possa depois ser utilizado em contexto empresarial e académico. |
Gestão do território no 3 milénio a.C. e d.C. |
Orientador ERA: António Valera (antoniovalera@era-arqueologia.pt) |
Orientadora ICArEHB: Célia Gonçalves |
Aproximação ao desenvolvimento da complexidade social na Pré-História Recente e formas como se expressa na organização territorial numa determinada região através de sistemas de informação geográfica. Deve visar o desenvolvimento de modelos preditivos para a implantação de determinados tipos de sítio arqueológico (exemplo: recintos de fossos, necrópoles, povoados, áreas de exploração de recursos ou campos de fossas) e para a identificação das lógicas relacionais subjacentes entre sítios. O objectivo será o desenvolvimento de uma ferramenta potencialmente utilizável em processos de gestão integrada do território relativamente ao tipo(s) de património(s) em questão e, simultaneamente, contribuir para o conhecimento das formas de expressão espacial decorrentes dos processos históricos de complexificação social e das suas dinâmicas de expansão e contracção, à escala da região. A região a seleccionar e o tipo(s) de sítio(s) deverão, à partida, apresentar uma base material conhecida que permita o desenvolvimento dos modelos preditivos. |
Sazonalidade e subsistência das populações Pré-históricas |
Orientadora ERA: Rita Dias (ritadias@era-arqueologia.pt) |
Orientadora ICArEHB: Anna Rufà |
A evolução do comportamento humano é marcada pela origem e emergência dos diferentes padrões de subsistência, ocupação e mobilidade das populações pré-históricas e é um tema de investigação fundamental no contexto da evolução do comportamento humano. No registo arqueológico, os modelos de ocupação e exploração dos recursos e território podem basear-se num conjunto de proxies. Na investigação arqueológica, estes estudos debruçam-se sobre dados de alta-resolução, obtidos através de um conjunto de disciplinas, técnicas e ferramentas como a zooarqueologia (esclerocronologia, isótopos estáveis…), geomorfologia (micromorfologia…), paleobotânica, entre outros. Esta metodologias, têm como objetivo contribuir para a discussão sobre os modelos de ocupação, estratégias de subsistência e exploração dos recursos disponíveis, integrando os dados num contexto cronológico, geográfico e paleoambiental. Embora estas metodologias, sejam práticas comuns em projetos de investigação ligadas ao contexto académico, a sua aplicação em escavações de salvaguarda é neste momento limitado. Tendo em conta o seu impacto na investigação e conhecimento arqueológicos, estas devem transbordar para as práticas de trabalhos de salvaguarda, de onde são obtidos, sistematicamente, uma quantidade incontornável de dados. Embora exista um crescente reconhecimento, por parte das entidades tutelares e da comunidade científica, do potencial de um conjunto de dados, muitas vezes descartados ou recolhidos, os trabalhos de salvaguarda carecem de uma estratégia que potencialize a informação que dali se pode recolher. A concretização deste tipo de investigação em contexto misto (académico-empresarial), beneficia não só a criação de competências especializadas fora do meio académico como estabelece, como princípio, as melhores práticas científicas nesse contexto, em todas as fases dos trabalhos arqueológicos, desde a gestão e logística dos projetos à execução em campo em laboratório e fomenta a relação colaborativa entre o meio académico e empresarial e o acesso ao enorme número de dados provenientes da Arqueologia de salvaguarda e a integração no mercado de trabalho de recursos altamente diferenciados. |
Espaços da morte na Pré-História recente do sul de Portugal |
Orientadores ERA: Lucy Evangelista (lucyevangelista@era-arqueologia.pt) e António Valera (antoniovalera@era-arqueologia.pt) |
Orientador ICArEHB: Ricardo Godinho |
Os espaços fúnebres relacionados com as comunidades da Pré-História Recente do sul de Portugal têm um imenso potencial de estudo considerando as inúmeras intervenções arqueológicas realizadas nos últimos anos. Um dos contextos mais relevantes é o recinto dos Perdigões, que a ERA Arqueologia tem vindo a investigar há 25 anos e onde as questões funerárias são centrais. De entre elas ganha particular relevo a prática de cremação e deposição secundária de restos humanos, as quais apresentam nos Perdigões uma situação única a nível do Calcolítico peninsular. O estudo bioantropológico de todo o contexto de deposições de restos de cremações afigura-se como fundamental para o conhecimento destas práticas, nomeadamente nos processos prévios de tratamento do corpo, durante a cremação, e pós cremação, proporcionando informação que, juntamente com outras abordagens em curso (estudo antracológico de carvões, cultura material associada, caracterização isotópica de restos humanos), permitirá uma nova visão da diversidade das práticas funerárias na Pré-História Recente peninsular, permitindo simultaneamente o desenvolvimento de competências específicas na bioantropologia de restos cremados, pouco comuns nos profissionais da área que estão no mercado. |